28 de fevereiro de 2010

Campanha da Fraternidade 2010 – Ecumênica

TEMA: Economia e Vida

LEMA: “Vocês Não Podem Servir a Deus e ao Dinheiro”. (Mt 6,24)


Introdução

Pela terceira vez temos uma Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) este ano de 2010 é promovida em conjunto pelas igrejas que fazem parte do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), como aconteceu em 2000 e 2005. O que move as igrejas a agir é a graça, o amor de Deus e o testemunho de sua fé em Jesus, hoje as igrejas cristãs devem ser testemunhas da fraternidade, justiça e paz sobre a Terra.

O CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil), fundado em 1982, defina-se como uma associação fraterna de igrejas que confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador. Sua missão é servir as igrejas cristãs no Brasil, na vivência da comunhão em Cristo, na defesa da integridade da criação, promovendo a justiça e a paz para a gloria de Deus. Hoje fazem parte do CONIC as igrejas: Católica Apostólica Romana, Igreja Episcopal Anglicana no Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia.

A parceria ecumênica demonstra unidade no essencial da fé e no empenho pela construção de um mundo melhor para todas as pessoas.


Fraternidade e Economia

Economia vem do grego oikos + nomos que significa "administração da casa", tem o sentido de providenciar tudo que é necessário a sobrevivência. Uma atividade realizada por pessoas, devendo orientar-se ao serviço das pessoas como centro e protagonistas e razão de ser da vida econômica e social. A economia como ciência deve ser integralmente orientada para a construção do bem comum.

O objetivo desta CFE é: "colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das igrejas cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão".


A Sociedade e a Economia Solidária

A sociedade democrática necessita de organização para que as pessoas encontrem formas de garantir representatividade. Em nossa sociedade existem muitas organizações que cuidam de uma economia solidária colaboram com o bem comum. Mas há também pessoas que dificultam isso com o seu individualismo,o subjetivismo, o consumismo, e a busca da promoção social. Com esses mecanismos nossa sociedade passa a ser uma sociedade de exclusão e de abandono a economia solidária.

Uma questão colocada é a da política para todos, sendo que a política ("polis") nada mais é do que a participação de todos numa democracia, no Brasil infelizmente não é bem assim, são formas de governo que visam seus próprios bens, negam direitos e excluem o povo.

A superação dos problemas sociais, principalmente os decorrentes da ordem econômica, só é possível a partir da sociedade organizada, que possibilite a legítima participação de todos nas decisões das autoridades.

No Brasil existem muitas entidades filantrópicas que desenvolvem sistemas de microcrédito, com empréstimos que possibilitam a geração de emprego e renda e a superação de momentos de crise. Cobram taxas simbólicas que possibilitam aos pobres e necessitados a superação de muitos de seus problemas. As taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras constituem-se no maior obstáculo para muitos superarem seus problemas ou investirem em projetos novos. Juros exorbitantes, o dinheiro deixa de ser um meio utilizado nas trocas para se tornar um produto de mercado, muito caro por sinal, e inacessível para muitos, tornando-se causa de exclusão social.

Um dos valores presentes na cultura de nosso povo é a solidariedade, o nosso povo é solidário, sensibiliza-se diante das necessidades e do sofrimento e está sempre pronto a dar sua colaboração para melhorar a situação dos que estão em dificuldades. Na cultura moderna também é marcada pelo individualismo e pelo consumismo; cada um defende seus interesses e cuida de sua própria vida e esquecem de sua responsabilidade social.

Na religião quando se fala em economia deva-se lembrar destas seitas e religiões que usam o nome de Deus para adquirirem dinheiro do povo, isso é ser uma falsa religião descompromissadas em relação à obra evangelizadora, a religião não é um fim em si, mas ela existe em função do reinado de Deus. Assim a Boa Nova de Jesus Cristo torna-se força transformadora do mundo, que aos poucos supera a cultura da morte, dando lugar à cultura da vida. Neste ano, apresentamos a questão econômica para que, a partir do evangelho, a economia esteja a serviço da vida.


Economia para a Vida

A economia existe para a pessoa e para o bem comum da sociedade, não a pessoa para a economia. Jesus segundo o Evangelho de Mateus no cap. 6, vers. 24 diz: "Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro". Com isso nos é proposto uma escolha entre valores do plano de Deus e a rendição diante do dinheiro, visto como valor absoluto dirigindo a vida. O problema não é dinheiro em si, mas o uso que dele se faz. É útil como instrumento destinado ao serviço e intercâmbio de bens de uso, mas não pode ser o supremo comandante dos nossos atos, o critério absoluto das decisões dos indivíduos e dos governos. Deve ser usado para servir ao bem comum das pessoas, na partilha e na solidariedade. Nossa atitude diante do dinheiro mostra muito o tipo de pessoa que somos. Por isso Jesus diz: "Onde estiver o teu tesouro, ali também estará o teu coracão".(Mt 6,21). Se os bens do dinheiro continuarem a serem os sonhos de nossa sociedade, os valores se invertem e colocamos em segundo plano a pessoa, sua vida, sua dignidade seu bem estar. A relação com Deus e todas as demais aspirações humanas acabam por serem rebaixadas a valores secundários. Vemos assim que a acumulação, o não partir, tem profundas consequências espirituais. Uma correta escala de prioridades revela onde de fato está o nosso coração e se manifesta em diferentes campos de nossa vida. A Palavra de Deus nos convida a avaliar o que fazemos em vários âmbitos:

  • No âmbito social, a Bíblia nos mostra profetas acusando reis e gente poderosa que enriquece à custa do povo e não cuida bem daqueles a quem deveriam servir (Is 3,13-15; Jr 5,27-29. 8,11-12; Ez 34,2-4; Am 3,10).
  • No âmbito comunitário, a Bíblia tem propostas para a convivência, como, por exemplo, a diária do trabalhador que deve ser paga no mesmo dia, pois ele precisa disso para viver (Ex 19,13), e o socorro ao pobre que estiver por perto (Dt 15,7-11).
  • No âmbito pessoal, cada um é chamado a não praticar corrupção, afastar-se da desonestidade e viver a partilha no amor fraterno (Lc 3,10-14).
  • No âmbito eclesial e da prática religiosa, Deus quer primeiro a justiça e a fraternidade. Só assim ele aceita o culto que lhe é oferecido no templo (Am 5,24). A carta de Tiago lembra que a igreja não é lugar para privilegiar pessoas tendo como critério sua condição social (Tg 2,1-10).

Sendo assim no âmbito social, servir a Deus e não ao dinheiro exige a promoção de políticas que dêem a todos o direito de desenvolver seus talentos e viver dignamente. A pessoa e não o lucro, tem que ser o fator decisivo no estabelecimento de leis e procedimentos de âmbito nacional. No âmbito comunitário, estar atentos ao que acontece à nossa volta; será preciso juntar forças para ajudar onde for possível, criar instituições, trabalhos que ajudem a respeitar direitos e desenvolver talentos de maneira mais igualitária. No âmbito eclesial, servir mais a Deus e ao próximo do que desejar que Deus se coloque a nosso serviço para garantir prosperidade. No âmbito pessoal, educar-se e educar para o respeito ao direito de todos, para o cuidado responsável com o planeta, para a resistência às seduções do consumismo, para valorizar cada um pelo que é pelo potencial que tem e não por aquilo que possui com riqueza material. Reiteramos portanto a finalidade desta CFE: ser um instrumento à disposição das comunidades cristãs e de todas as pessoas de boa vontade para enfrentar, com consciência crítica, os temas do desenvolvimento e da justiça, da economia e da vida humana no Brasil e no mundo. Denunciamos a perversidade de todo modelo econômico que vise em primeiro lugar o lucro, sem se importar com a desigualdade, miséria, fome e morte. Afirmamos que a economia deve sustentar a qualidade de vida de todas as pessoas no limite das condições sustentáveis ao planeta e deve servir ao bem comum, universalizando os direitos sociais, culturais e económicos. Queremos buscar linhas de compromisso concreto e de ação para que a riqueza e a política económica sejam colocadas a serviço do desenvolvimento integral de toda a sociedade brasileira e da humanidade. Para se alcançar todas as metas a CFE destaca a importância da ação coletiva para a transformação social, o dialogo permanente e a articulação das forcas sociais, a colaboração entre Igrejas e sociedade.


A Economia Colonial Brasileira até os dias atuais

De acordo com o historiador Caio Prado Júnior, o Brasil foi ocupado e colonizado para fornecer especiarias para o mercado estrangeiro, uma economia meramente produtora e mercantil. Já na época imperial o que se teve foi uma continuação da economia colonial, mas favorecendo a elite em seu próprio benefício. Sendo assim, desde a época colonial e imperial do Brasil o que se pode observar é uma economia de riquezas, poder para alguns, exclusão, misérias e opulências. Com a república proclamada continua-se os mesmos processos do passado colonial, mas reforçando a classe dominante dando mais poderes, e juntamente aos setores industriais, fazendo uma economia voltada ainda e exportação e o país cada vez mais pobre e cheio de injustiças e exclusões. O Brasil hoje tem muitas manchas de seu passado de opressões da classe dominante, mas para alguns o Brasil é um país solidário e sempre está ajudando a quem precisa. Se hoje temos este tipo de economia capitalista que visa o lucro, o dinheiro em primeiro lugar o beneficio de si próprio é porque vivemos ainda do nosso passado colonial, o que precisa-se fazer é a ruptura com o passado colonial e fazer riquezas próprias dando mais ênfase as coisas brasileiras assim todos os brasileiros terão oportunidades e dinheiro justo para sua sobrevivência e fome e miséria poderão sim acabar e construir um país mais justo e fraterno. E hoje para se entender a economia atual precisamos da ajuda do passado para conseguirmos entender este presente e fazer um futuro melhor uma economia voltada para todos e sem exclusões.


O Agir na Economia

As comunidades cristãs não existem para si mesmas, mas são chamadas a servirem a todos sem exclusões. É neste aspecto que nossas igrejas colocam alguns pontos fundamentais para o bom êxito da CFE de 2010 e alcançar uma economia acessível a todos:

- Emancipação do ser-humano e do trabalho-renda para todos sobreviverem e se desenvolverem;

- Incluir a alimentação adequada entre os direitos previstos na Constituição Federal;

- Eliminar a prática do trabalho escravo;

- Combater o trabalho infantil;

- A defesa das leis trabalhistas e redução da jornada de trabalho;

- Continuar a exigir a Auditoria da dívida pública;

- Lutar em favor de uma tributação justa e progressiva;

- Exigir políticas econômicas redistributivas;

- Preservar o meio ambiente;

- Continuar a luta pela Reforma Agrária.

Estes processos são alguns pontos elaborados pelo texto base da CFE 2010 para se alcançar no agir do povo uma economia solidária em favor de todos.

Não vamos nos esquecer do gesto concreto que será feito no domingo de Ramos, este ano no dia 28 de março, colabore para que a CFE 2010 consiga alcançar suas metas de solidariedade e amor ao próximo. Lembrando que 60% ficarão para Diocese e 40% para o Fundo Nacional de Solidariedade todo dinheiro arrecadado e usado para o bem comum do povo brasileiro.

Assim não vamos esquecer-nos das palavras de Jesus de amor e fraternidade, todos unidos de mãos dadas por um mundo melhor de amor e paz e de uma economia de todos e para todos sem exclusões tendo como princípio de tudo o amor, que gera paz e justiça.

Fonte: Texto Base da CFE 2010 "Economia e Vida".

Bibliografia de uso: PRADO, Caio Júnior. Evolução Política do Brasil Colonial e Império.

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